Corrente de Consciência

"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador." Clarice Lispector

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fevereiro 19, 2011

Curioso como as estórias se repetem ao longo do tempo; como a história de alguém, há muitos anos, real ou ficcional, se pode assemelhar tanto ao nosso quotidiano, às nossas realidades.
São semelhantes, as nossas estórias. Como poderá ser que a estória de L. e D. seja tão parecida com a nossa... Acho D. parecido contigo. Não o digo fisicamente: na forma de estar, nos pensamentos, no que faz pelos outros nunca mostrando nem anunciando aos quatro ventos. Sempre sisudo - D. ou tu, é indiferente - parece querer ser superior, mas, no fundo, está muito no seu mundo, apenas deixando entrar um grupo muito restrito de pessoas. Alguém que não perdoa a mínima manifestação de infantilidade. Alguém que, irreflectidamente, dá respostas curtas, indelicadas por vezes, porque não aprendeu a ser mais civilizado, a adequar melhor a postura à ocasião.
Revejo-me de facto em L. Segura das suas opiniões, por vezes incompreendida por ser franca e directa (inconveniente para alguns) e em alguns momentos um pouco infantil, parece que fomos feitas no mesmo molde.
E mais uma vez (me) questiono: porquê tais semelhanças, tantos paralelos?
Reconheço-me também nesse primeiro passo dado:
"-Quer dançar, Sr. D.?
- Não, se o puder evitar.", responde ele secamente e sem sequer voltar o seu olhar para ela.
Onde terão aprendido os homens que sinal de masculinidade é parecer duro, intocável, sem emoções, seco, vazio?